sexta-feira, 3 de julho de 2009

Comunicar é estratégico

A comunicação não é o chantilly no morango; ela é como o sangue do corpo humano, com a função nobre de manter a vida!

Alguns pensam na comunicação como algo necessário para a melhoria e qualidade nos relacionamentos, aquela que garantirá o sucesso no entendimento, uma maior interação/comunhão e que dá um gosto especial na relação do emissor e receptor.

Entretanto, a comunicação deve ser vista de forma muito mais estratégica. É somente pela comunicação que o ser humano, a igreja e as organizações em geral conseguem agir; ela permeia todas as atividades, relacionamentos e tomadas de decisão. É o fator essencial para o desenvolvimento interpessoal e a mais básica de todas as necessidades, depois da sobrevivência fisiológica. Gênesis 2:18 (Nova Versão Internacional) : "Então o Senhor Deus declarou: Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda".

A comunicação faz para uma pessoa ou para uma instituição o que o sangue faz para o corpo humano. Ele permite o perfeito funcionamento das células, da cabeça aos pés. Assim é a comunicação. Ela supre todas as pessoas e departamentos da instituição com informação, ou melhor, com conhecimento. Privadas de uma comunicação efetiva, as instituições funcionam mal, o que, com certeza, as levará à ineficiência ou, até mesmo, à falência.

Para que as pessoas possam desenvolver suas atividades de maneira eficiente e eficaz, torna-se necessário comunicar, constantemente, a elas o que deve ser feito, como, quando e em quanto tempo. Igualmente, devem saber como seu trabalho está afetando o trabalho de outros, para que tenham uma informação a respeito de seu desempenho.

Taylor, considerado o pai da Administração Científica, gostava de dizer aos trabalhadores; "não se espera que vocês pensem. Há outras pessoas por perto pagas para pensar." Os homens nada mais eram do que mãos ou força de trabalho, energia ou força requerida para garantir a produtividade e o lucro das instituições. Ele defendeu a separação entre as mãos e o cérebro.

Hoje, sabemos que as pessoas trabalham melhor quando se sentem motivadas pelas atividades que devem desempenhar e o processo de motivação depende de se permitir que as mesmas tenham informações sobre o que se espera delas e em que medida sua colaboração contribuirá para o cumprimento da visão e missão da instituição. Elas querem ser vistas com mãos e cérebro!

A comunicação organizacional deve estar calcada numa sólida visão estratégica da organização e não pode se resumir a uma visão fragmentada, isolada, instrumental. Ela deve refletir a missão e a visão da organização. A clareza das metas permite que não somente os líderes, mas também os liderados, concentrem sua atenção nas atividades que adicionam valor.

Diferentemente da visão de Taylor, faz-se necessário que os líderes e liderados não só concordem em cooperar com uma decisão, mas sim que compreendam como e por que a decisão foi tomada. Aos colaboradores é tanto permitido, como exigido, pensar, interagir, julgar e tomar decisões.

Quando a comunicação organizacional transmite ruídos e ambigüidades ela gera desconfiança e dificuldades aos colaboradores para colocarem suas idéias e experiências de forma clara e aberta. Assim, aqueles administradores/líderes que restringem informações como forma de deter o poder acabam impedindo que o conhecimento seja difundido na instituição, prejudicando o desempenho dos colaboradores para a criação e disseminação do conhecimento. Lembremo-nos, sempre, que devemos considerar nossos colaboradores como parceiros de uma mesma missão.

O propósito fundamental da comunicação numa organização é incentivar e permitir que os colaboradores cumpram a intenção estratégica da instituição.

Resumindo, o papel da comunicação organizacional vai, no sentido de promover a coesão interna em torno dos valores e da missão da empresa, aumentar a visibilidade pública da organização e divulgar seus produtos e/ou serviços. Deve-se oportunizar o diálogo e a formação da percepção dos líderes e liderados, para que eles entendam o que fazem, para que fazem, por que fazem, como podem colaborar com a organização, onde ela pretende chegar, o que ela espera deles e o que eles ganham com certas ações e decisões, com a possibilidade de participar e interferir no processo.

A estrutura e o processo da comunicação devem refletir o fato de que ela é um meio para alcançar o sucesso e não um fim em si mesma. A comunicação só terá sucesso se permitir e incentivar que os colaboradores alinhem suas atividades à intenção estratégica da organização. Isso requer um processo comunicacional alinhado ao planejamento global da organização e compromisso dos colaboradores com valores, missão, objetivos organizacionais e estratégias elaboradas.

Quando há compartilhamento de informações e experiências, são maiores o sentimento de pertencimento, as oportunidades de participação, conscientização e comprometimento dos colaboradores e a utilidade dessas informações à missão. Através da comunicação focada nos objetivos, pode-se promover o entendimento do contexto organizacional, metas, dificuldades enfrentadas, formas de condução dos problemas, justificativas para decisões e posicionamentos, estratégias, impactos na organização e na vida e trabalho dos colaboradores e, assim, construir sentido e valor comum para estes.

Continuaremos exigindo que a comunicação seja o chantilly em nossas instituições e relações, ou lhe daremos o papel estratégico e vital como o que o sangue representa para o organismo?

Miriam Cristina Fava Santos
www.institutojetro.com

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