domingo, 22 de junho de 2008

A arte da dor

Poucas coisas são tão difíceis na medicina quanto o correto diagnóstico da dor. Não há instrumento que meça sua intensidade e muitas vezes não há palavras para descrevê-la. Sofre o paciente, incapaz de relatar com fidelidade o que está sentindo, e sofre o médico, impotente diante de algo que não consegue quantificar exatamente. Uma iniciativa pioneira na internet está ajudando a transpor essa dificuldade. Trata-se de Pain Exhibition, uma exposição on line de pinturas e esculturas produzidas por portadores de dores crônicas. As peças revelam os sentimentos dos pacientes em relação à dor. Demonstram tristeza, falta de compreensão alheia e um extremo alívio quando o desespero acaba.

O acervo possui 75 peças, enviadas por pacientes do mundo todo. Ele é dividido em categorias: retratos da dor, sofrimento, visualização do sofrimento, Deus e religião, isolamento, mistura de sentimentos, amor incondicional (traz obras que revelam como os bichos de estimação podem auxiliar), esperança e transformação. Uma das que chamam bastante atenção é a batizada de “Mas você parece tão normal!”. É dedicada a obras que exprimem a dificuldade de os portadores convencerem médicos, familiares empregados de que estão debilitados.

A exposição já foi acessada por interessados de 146 países. E seu impacto é tão forte que as peças estão sendo usadas por dezenas de instituições em programas de informação voltados para profissionais da saúde. Entre elas, a Cardiff University, do Reino Unido, Universidade de Autônoma de Barcelona, na Espanha, e Beth Israel Medical Center, de Nova York, nos EUA.

No Brasil, grupos de tratamento especializados ainda não utilizam as obras, mas aos poucos começam a estimular os pacientes a praticar a pintura. Os responsáveis já entenderam que a arte pode se tornar um recurso valioso de tratamento. “Percebemos que a pintura, por exemplo, melhora a coordenação motora e a habilidade cognitiva”, justifica o neurocirurgião Evandro César de Souza, do Centro de Dor do Hospital Edmundo Vasconcelos, de São Paulo. “Além disso, ajuda a externar o que está no plano inconsciente”, explica o médico. Os interessados em enviar obras para a Pain Exhibition devem acessar www.painexhibit.com

Fonte:
Revista Istoé. Edição:2011

Um comentário:

Vilma Pires disse...

Cara,seu blog é legal demais da conta.Diferente e super interessante.Adiciona o gadget seguidor porque quero acompanhar o seu blog,aliás pressinto que vou gostar de todos.Este artigo é tremendo.Sofro de fibromialgia,entre outros problemas de saúde,e as vezes fico muito triste porque como não consigo fazer cara de coitadinha,ninguém me leva a sério.Ótimo!Parabéns pela iniciativa.Deus o abençoe!