sábado, 10 de maio de 2008

A energia que vem dos joelhos


As caminhadas podem ser a chave de um futuro sem tomadas elétricas. Uma equipe de de cientistas americanos e canadenses criou uma joalheira que funciona como pilha recarregáveis, capaz de armazenar energia à medida que se anda com ela - algo similar ao mecanismo dos automóveis híbridos, nos quais os motores são abastecidos por eletricidade produzida, em boa parte, através de reciclagem de energia proveniente de sua própria frenagem. No caso dessa joelheira, é o corpo que funciona como fonte e tomada - e ela transforma movimentos mecânicos das pernas em energia. A cada movimento do joelho um motor interno é acionado. Assim, uma caminhada de apenas 15 minutos já é suficiente para dar a joelheira a capacidade de operar um notebook durante meia hora, bastando retirar de dentro dela a bateria carregada, acoplá-la ao computador.
“O corpo humano é mal aproveitado. Em nossa gordura acumulamos o equivalente a uma bateria de mil quilos”, diz Max Donelan, professor de cinesiologia da Universidade Simom Fraser, de Burnaby, no Canadá e chefe cientifico da Bionic Power Inc, empresa que desenvolveu essa tecnologia. Já em testes anteriores tentou-se aproveitar o próprio corpo através de dispositivos acoplados a sapatos e mochilas. Não deu certo. Os geradores nos sapatos produzem apenas oito watts por minuto e as mochilas são pesadas. O insucesso serviu, no entanto, para o aprimoramento da joelheira descrita agora na revista Science, uma das mais conceituadas do mundo. Essa nova engenhoca pesa 1,6 quilo e retém aquilo que é desperdiçado quando se pára o joelho em cada movimento das pernas.

Em uma hora de caminhada queima-se em média, o equivalente a 400 quilocalorias-quantidade que corresponde a um pedaço de pizza de calabreza. Com a joelheira, os voluntários envolvidos na experiência geraram cerca de cinco watts por minuto sem nenhum esforço que não o de andar. Segundo especialistas da Universidade Simon Fraser, uma caminhada de uma hora armazena energia suficiente para se carregar um celular ou se usar o notebook por mais de 60 minutos. “É possível gerar ainda mais energia. Isso faz pouco”, diz Donelan. “Somos baterias bem eficazes”.
A necessidade mundial de que os paises economizem energia e desenvolvam fontes alternativas cercou Donelan de propostas para a produção de seu equipamento em escala comercial. “Não é o momento. Em breve lançaremos uma versão mais leve e então poderemos pensar em mercado”, diz ele. A indústria em geral certamente aguardará por tal aperfeiçoamento. Os primeiros usuários, provavelmente, serão pessoas cujas vidas dependem de fontes portáteis, como alpinistas e soldados.

Fonte: Revista Istoé. Edição número:1998

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